Contag cobra atenção de Lula para cortadores de cana

Lula recebe representantes dos canavieiros para reunião no Palácio do Planalto
(Brasília, DF, 29/08/2007) Foto: Ricardo Stuckert/PR


Depois de chamar os usineiros de "heróis" e de se tornar garoto-propaganda do etanol pelo mundo afora, vendendo a idéia de que o produto da cana-de-açúcar vai ajudar a reduzir a pobreza no mundo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta quarta-feira, por quase duas horas, representantes dos trabalhadores do corte e produção da cana. Ouviu deles que a idéia de que o etanol é a solução para o Brasil e para o Terceiro Mundo beneficia apenas os donos das terras.

Os trabalhadores continuam vivendo em condições precárias, com casos de escravidão e até morte por trabalho excessivo. O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Manoel José dos Santos, cobrou um marco regulatório para a expansão da cana.

- Sem isso, corremos o risco de acabar com a agricultura familiar - advertiu.

Santos propôs que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deveria condicionar empréstimos a certas garantias trabalhistas. Ele criticou Lula por fazer discursos que agradam sempre ao público para o qual fala.

- Sabemos que o governo, para fazer propaganda, sempre faz o que o setor quer ouvir - disse, observando que, quando se dirige aos trabalhadores, o presidente utiliza "jargões", do tipo "vocês podem reivindicar o que quiserem neste governo".

- A declaração do presidente de que os usineiros são heróis foi extremamente equivocada. Ele não necessitava ter dito essa frase disse o presidente da Contag.

Na reunião, da qual participaram, além de Lula, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o do Trabalho, Carlos Lupi, ficou definido que o governo promoverá um fórum para discutir o setor alcooleiro do qual participarão empresários e trabalhadores.

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