Policiais Militares a paisana estariam prestando serviços na área de segurança para indústria sucroalcooleira. Entidade pede ainda averiguação de menores com documentação adulterada trabalhando nos canaviais.
O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Andradina e a Federação do Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feresp/CUT) estão denunciando irregularidades cometidas pela Usina da Barra Açúcar e Álcool, unidade Gasa, instalada na cidade de Andradina e pertencente ao Grupo Cosan.
De acordo com as entidades representantes dos trabalhadores rurais do setor de corte de cana, a indústria sucroalcooleira vem realizando seguidas demissões em massa de funcionários, sem apresentar causa relevante, em pleno período de negociação do Acordo Coletivo da categoria.
Para Aparecido Bispo, Secretário-Geral da Feraesp, tal medida, “evidência perseguição intimidatória com o objetivo de desestabilizar a organização sindical dos trabalhadores”. Bispo justifica suas argumentações informando que entre os dias 17 e 26 de julho deste ano - período correspondente a reunião ocorrida entre o Sindicato e a Cosan para acertos de um possível Acordo Coletivo e a Assembléia Geral convocada para deliberação da proposta – a usina demitiu 300 trabalhadores rurais.
“Fica evidente que a demissão de três centenas de trabalhadores desestabiliza qualquer processo de negociação”, comenta o sindicalista. A Assembléia, que já estava agendada, acabou sendo suspensa, pois, segundo Bispo, oferecia riscos aos trabalhadores que se fizessem presentes, os quais poderiam sofrer ainda mais perseguições na empresa.
Durante algumas semanas, o Sindicato de Andradina entrou em contato com a Cosan para que essa revisse a proposta oferecida, mas não obteve qualquer sucesso. No dia 3 de setembro, a proposta de Acordo Coletivo da Cosan foi colocada em discussão durante Assembléia com os trabalhadores, a qual acabou por ser rejeitada. Os trabalhadores não descartaram durante o encontro a possibilidade de deflagrarem greve a qualquer momento.
Sob orientação do Sindicato, o recurso do movimento grevista foi suspenso até segunda ordem, para que não atrapalhasse as negociações. Em ofício remetido à empresa, o Sindicato não apenas informou a rejeição da proposta enviada pela usina, como também deu prazo para que a indústria realizasse melhorias no documento até o dia 10 de setembro, data limite para o início de uma greve entre os trabalhadores.
No entanto, na quinta-feira, 06, sindicalistas estiveram nas dependências da Usina colhendo depoimentos dos trabalhadores que, além de perseguição, estavam sendo vítimas de constrangimento no momento do anúncio da demissão. Trinta trabalhadores haviam sido demitidos naquele dia.
PMs fazendo bico e constrangimentos
De acordo com os trabalhadores, os demitidos foram convocados para se dirigirem até o refeitório, sob o pretexto de uma reunião. Para surpresa dos cortadores de cana, ao chegarem no local, encontraram os funcionários do setor de RH e ainda a presença de três seguranças. Estes últimos foram identificados como policiais militares lotados no 28° Batalhão da Polícia Militar do Interior, com sede em Andradina, que, a paisana, se colocaram ostensivamente com armas e verbalizando com rispidez contra todos que estavam sob processo de demissão, mandando-os que pegassem seus pertences imediatamente e se dirigissem ao ônibus estacionado nas proximidades para levá-los até o escritório da empresa, onde se realizaria as rescisões contratuais. Um ônibus, de empresa terceirizada, contratada pela usina, já estava posicionado para conduzir os trabalhadores até suas cidades de origem.
“Todo o processo de demissão foi arquitetado sob sigilo pela Cosan, demonstrando assim o desrespeito peculiar que essa empresa dispensa aos seus trabalhadores. Não há outro argumento para explicar que tudo isso visa atingir o processo de negociação coletiva com o Sindicato”, afirma Bispo.
Menores na roça
Além das denúncias de assédio moral contra os cortadores de cana e as demissões sem justificativas, Aparecido Bispo aponta ainda suposta irregularidade por parte da Cosan na contratação de menores entre os trabalhadores rurais. “Estamos apurando sérios indícios de que haja trabalhadores menores de idade nos canaviais. Esses teriam seus documentos adulterados, para se passarem, ao menos na parte burocrática, por maiores de idade”, informa o secretário da Feraesp.
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